Aquela cidade foi a maior surpresa da minha viagem. Assim que cheguei, dentro da rodoviária ralé, só encontrei gente sem gosto. Enquanto andava pelas ruas pequenas e sujas só consegui enxergar um povo sujo, fedendo a esgoto. Mas durante a noite, tudo mudou. A cidade tinha uma cor forte, o mais vermelho dos vermelhos. E as ruas tinham um gosto forte. A que mais lembro se chama: reina de los muertos– mais conhecida como a rua das prostitutas. Enquanto transitava por ela senti dos tremores o mais complicado. Um arrepio seco, um prazer premeditado entrava pelos meus olhos e transbordava em forma de saliva.
Ao voltar do cais, nesta mesma rua, fui convidado a visitar uma casa, e lá conheci Isabel. Menina Jovem, mas com jeito de mulher, gosto de mulher. Quando descobriu que estava naquela cidade tentando escrever algo, me levou a um quarto no final do corredor, e ofereceu seu corpo como folha. Enquanto observava ela se despir e - sentado sobre a cama - escutava o barulho do quarto ao lado um misto de gozo e temor me envolvia. Naquela noite, naquele corpo - cheio de linhas imaginarias - minha língua foi a pincel.
T.
T.
2 comentários:
muito agradável leitura
a la gabriel garcia marquez
:)
Massa!
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