terça-feira, 3 de março de 2009

Camaleoa

Era mais uma noite escura quando o vi pela primeira vez. 10 minutos antes eu vagava pelas ruas desta cidade em busca de algo forte o bastante, à noite todos nessa cidade buscam algo capaz de lhes salvar a sanidade. Por fim encontrei aquele bar, aconchegante em relação ao frio que fazia lá fora; tinha uma única luz ao centro da sala, que só possibilitava enxergar metade das pessoas presentes e a penumbra de inúmeros outros.

Sento encostada no balcão, peço um conhaque, dou um trago e ele chega. Garoto acanhado, inadequadamente vestido para uma noite tão perigosa como essas de Agosto, mas tinha um olhar interessante, quentes, olhos de incendiário, indiscutivelmente intrigantes.

Enquanto eu o observava sentia meu rosto começar a sorrir – meu corpo inteiro sorria. E ele se portava de forma desconfortável – como um patinho fora da lagoa – mas seus olhos se portavam como antes, ateando fogo por onde passavam, e ainda mais enigmáticos quando ocultados pela fumaça do cigarro. Bebo o ultimo gole, cruzo as pernas, ele bebe um gole e parece mais confiante, uma cobra a observar meus gestos. Bebo o ultimo gole e é dada a largada, descruzo as pernas e caminho delicada, como uma tigresa rasgo a suave escuridão que engolia a sala. Nenhuma palavra rasgou o silencio, depois de ver os olhos da cobra, lembro do frio em minha alma e da minha boca escancarada se fechando.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei especialmente desse final! Muito bom!

Daros disse...

Gostei =]